Muita gente deve achar esquisito que eu,baiana,alegre e animada,não brinque o carnaval.
Mas ,explico.
Quem assistiu os carnavais do passado não acha muita beleza nos de hoje;claro,os tempos mudam e os jovens que nunca viram nem verão jamais os carnavais antigos,adoram tudo como está,blocos formados por tribos que gostam das mesmas coisas,vestem-se do mesmo jeito e adoram os mesmos ídolos:Bel,do Chiclete,o Eva,o Cheiro de Amor, o “Asa de Águia”,entre outros,mas,se a gente reparar bem,tudo igual.Muda a fantasia,mas,a essência permanece.
Os cordeiros separam os privilegiados do folião pipoca,”os sem-blocos”,aqueles que não tem dinheiro para comprar um abadá, que custa os olhos da cara.
E os camarotes,então!? Feitos para turista ver,sempre lotados,alguns alinhadérrimos,cheios de mordomias,tudo para ver o carnaval de longe,pular quando passa um bloco conhecido,ver e ser visto pela grãfinagem de plantão.
Comida,bebida e os puxa-camarotes,artistas globais,astros de futebol e os indefectíveis políticos,à cata de votos.
Li que até o Jesus Luz,queridinho da Madonna,vem como DJ,para um desses camarotes;fiquei feliz:Madonna finalmente encontrou Jesus e Jesus finalmente encontrou Salvador,tudo mirificamente perfeito.
Dominus Vobiscum!
Mas,voltando à vaca fria ou ao Carnaval quente;ainda temos remanescentes dos carnavais antigos como os blocos afro,de extrema beleza e a “Mudança do Garcia”,um dinossaurico resquício da era “fifty”,quando o carnaval de Salvador era maravilhoso.
A Mudança do Garcia, mesmo sem os jegues,agora proibidos,trazia e ainda trás a sua irreverência para as ruas,levantando multidões,como antigamente,quando a ela se juntava o “Jegue de cueca e a jega de calçola”,da Massaranduba,além dos Apaches do Tororó e dos carros alegóricos “Rosa do Adro,”Cruz Vermelha,”Fantoches da Euterpe,”Inocentes em Progresso” e muitos outros.Sem falar do famoso Baile Preto e Branco do Baiano de Tênis,que nunca faltei.
E havia as fantasias,os caretas,lança-perfume,o corso,as cadeiras na Rua Chile,que meu pai alugava para que víssemos tudo e não perdêssemos nada,nem uma marchinha de belas letras e belos ritmos,cantadas por todo mundo.
Não se esqueçam que vi nascer o Pau (êpa!) Elétrico de Dodô e Osmar,transformado depois em Trio Elétrico que mudou a face do nosso Carnaval.
Por tudo isso é difícil que o carnaval de hoje me motive com seus “rebolations,”suas cachorras e safadas seus pagodaços.
Como recordar é viver,prefiro ler os meus livrinhos,digitar essas mal traçadas e assistir filminhos no DVD;bem municiada de pipoca,é claro!
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