TERÇA-FEIRA.20
Com as coisas,em boa hora compradas em Las Palmas,tomo um excelente café da manhã:frutas,suco de laranja,biscoitos;o cream-cracker daqui não é tão gostoso como o nosso,mas,é salgadinho,crocante e o mais importante,enche a barriga.Nem posso me exceder na comida,sinto-me preguiçosa,quando levanto nem sempre desejo correr para a proa,ir á cabina de comando conversar;até prefiro ficar no camarote lendo ou escrevendo.
Acabou a lua de mel com o navio?Acho que não,só estou me acostumando á rotina.Quem me contou a estória de um velho lobo do mar que comandava um navio inglês
· e se suicidou cansado de “buttoning and unbuttoning” a farda todo dia.A rotina mata.
Pelo rádio fiz meus pedidos para Barcelona;Vou pagar U.S.250,um pequeno,mas,significativo baque nas minhas finanças;mas,otimista como sou, pretendo vender mais na Itália.
Ontem ,apareceram as baleias;foi pena,não vi;soube que o esguicho de uma delas tinha quase um metro e meio.Marrocos está bem perto daqui;há pássaros no ar; dá para ver a TV Marrocos no nosso aparelho,no navio.Como uma milionária grega sento-me no deck superior,”sup-deck” para os íntimos,acomodo-me numa confortável cadeira de praia e com uma revista espanhola no colo ponho-me a ler ,olhando o mar azul l
;Está frio,mas,estou bem agasalhada.Aprendo um pouco sobre o navio.O ZIM é um imenso cargueiro com bandeira de St. John construído em estaleiros alemães, atualmente com tripulação filipina.Quando nasceu chamava-se Tahasse e era negro;a Cia. De Israel o fretou,mudou a cor para branco e verde,pô-lo bonito e deu-lhe o nome de ZIM URUGUAY;ele faz parte de uma trilogia:há o ZIM ARGENTINA e o ZIM BRAZIL,cujo comandante era um velho mal-humorado;ZIM é o nome da companhia afretadora em Israel.Os filipinos e orientais em geral estão tomando de assalto as rotas marítimas porque são ordeiros,trabalhadores responsáveis e atenciosos;alem disso são bons marinheiros.Estão sempre estudando porque querem se aperfeiçoar cada vez mais na sua profissão.Pesa tambem a vantagem econômica;ganham menos que os europeus e são tão bons quanto.São muito religiosos e conservadores,muito família,todos eles.Geralmente são casados,têm mulher e filhos na sua terra;nos portos onde passam, quase ninguém desce,ocupados em trabalhar;só o “chief cook” saiu;não vejo baderna nem putas á bordo como nos outros navios.O comandante é democrático e sua autoridade parece emanar da sua bondade natural; nunca o vi aos gritos ou dando broncas em ninguém; todos seguem suas determinações; não há diferença marcante entre a tripulação e os oficiais; todos comem a mesma comida, bebem o mesmo chá e voltam contentes para seus alojamentos.
Quando eu e Francis ,por gosto,vamos para a cozinha, lavamos todas as vasilhas que usamos deixando tudo limpo; Os oficiais trabalham quatro horas cada -em regime de quarto – necessário ter sempre alguém na ponte de comando; quando não estão trabalhando, vêem TV ou vídeo na sala de refeições deles; ou vão para a sala de jogos, quase sempre aos domingos;por nossa causa o comandante vetou a piscina durante a semana, mas, aos domingos é só deles. Entre si falam Tagalo, idioma oficial do seu país; quando os interlocutores são da mesma região não é raro.,
vê-los se expressar no dialeto regional. Amam seu pais, os americanos em geral e o Gen. Macarthur em particular; odeiam, comunistas,Marcos e a Imelda ,a dos milhares de sapatos e acham que a melhor maneira de se livrar de um mau presidente é com um bom tiro de fuzil; com o que concordo plenamente.A sala de comando,onde adoro ficar é arejada,clara,cheia de plantas e pássaros empalhados;é onde fica toda a parafernália náutica necessária á navegação:mapas,telefones,telex,radares, painéis,bússolas etc.Alem de tudo tem café,boa música vinda de um rádio possante e um oficial gentil para conversar.
Com as coisas,em boa hora compradas em Las Palmas,tomo um excelente café da manhã:frutas,suco de laranja,biscoitos;o cream-cracker daqui não é tão gostoso como o nosso,mas,é salgadinho,crocante e o mais importante,enche a barriga.Nem posso me exceder na comida,sinto-me preguiçosa,quando levanto nem sempre desejo correr para a proa,ir á cabina de comando conversar;até prefiro ficar no camarote lendo ou escrevendo.
Acabou a lua de mel com o navio?Acho que não,só estou me acostumando á rotina.Quem me contou a estória de um velho lobo do mar que comandava um navio inglês
· e se suicidou cansado de “buttoning and unbuttoning” a farda todo dia.A rotina mata.
Pelo rádio fiz meus pedidos para Barcelona;Vou pagar U.S.250,um pequeno,mas,significativo baque nas minhas finanças;mas,otimista como sou, pretendo vender mais na Itália.
Ontem ,apareceram as baleias;foi pena,não vi;soube que o esguicho de uma delas tinha quase um metro e meio.Marrocos está bem perto daqui;há pássaros no ar; dá para ver a TV Marrocos no nosso aparelho,no navio.Como uma milionária grega sento-me no deck superior,”sup-deck” para os íntimos,acomodo-me numa confortável cadeira de praia e com uma revista espanhola no colo ponho-me a ler ,olhando o mar azul l
;Está frio,mas,estou bem agasalhada.Aprendo um pouco sobre o navio.O ZIM é um imenso cargueiro com bandeira de St. John construído em estaleiros alemães, atualmente com tripulação filipina.Quando nasceu chamava-se Tahasse e era negro;a Cia. De Israel o fretou,mudou a cor para branco e verde,pô-lo bonito e deu-lhe o nome de ZIM URUGUAY;ele faz parte de uma trilogia:há o ZIM ARGENTINA e o ZIM BRAZIL,cujo comandante era um velho mal-humorado;ZIM é o nome da companhia afretadora em Israel.Os filipinos e orientais em geral estão tomando de assalto as rotas marítimas porque são ordeiros,trabalhadores responsáveis e atenciosos;alem disso são bons marinheiros.Estão sempre estudando porque querem se aperfeiçoar cada vez mais na sua profissão.Pesa tambem a vantagem econômica;ganham menos que os europeus e são tão bons quanto.São muito religiosos e conservadores,muito família,todos eles.Geralmente são casados,têm mulher e filhos na sua terra;nos portos onde passam, quase ninguém desce,ocupados em trabalhar;só o “chief cook” saiu;não vejo baderna nem putas á bordo como nos outros navios.O comandante é democrático e sua autoridade parece emanar da sua bondade natural; nunca o vi aos gritos ou dando broncas em ninguém; todos seguem suas determinações; não há diferença marcante entre a tripulação e os oficiais; todos comem a mesma comida, bebem o mesmo chá e voltam contentes para seus alojamentos.
Quando eu e Francis ,por gosto,vamos para a cozinha, lavamos todas as vasilhas que usamos deixando tudo limpo; Os oficiais trabalham quatro horas cada -em regime de quarto – necessário ter sempre alguém na ponte de comando; quando não estão trabalhando, vêem TV ou vídeo na sala de refeições deles; ou vão para a sala de jogos, quase sempre aos domingos;por nossa causa o comandante vetou a piscina durante a semana, mas, aos domingos é só deles. Entre si falam Tagalo, idioma oficial do seu país; quando os interlocutores são da mesma região não é raro.,
vê-los se expressar no dialeto regional. Amam seu pais, os americanos em geral e o Gen. Macarthur em particular; odeiam, comunistas,Marcos e a Imelda ,a dos milhares de sapatos e acham que a melhor maneira de se livrar de um mau presidente é com um bom tiro de fuzil; com o que concordo plenamente.A sala de comando,onde adoro ficar é arejada,clara,cheia de plantas e pássaros empalhados;é onde fica toda a parafernália náutica necessária á navegação:mapas,telefones,telex,radares, painéis,bússolas etc.Alem de tudo tem café,boa música vinda de um rádio possante e um oficial gentil para conversar.
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