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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A ESTÓRIA DO MESTRE




Há muitos verões o Velho Mestre habitava aquela cidadezinha,mas agora,tinha de partir;era chegado o tempo das despedidas.

Seus amigos disseram-lhes:

-Vais embora,mas,antes,conta-nos mais uma estória.

Então,ele sentou-se á sombra da árvore e narrou:

Era uma vez,na casa de uma família,morava um velho avô,com seu filho,sua nora e seu netinho,de seis anos.Ele ajudara seus filhos a edificar aquela casa,enquanto pode, os ajudou nas despesas,mas,agora,alquebrado pela idade e pelo mal de Parkinson,tornou-se um estorvo para o jovem casal.Às refeições,sentava-se á mesa com eles,sempre perto do neto,que o adorava.Mas,sem poder segurar direito a colher da sopa,com sua mão trêmula,derramava o líquido na toalha é,ás vezes até o prato no chão,para desespero de sua nora,que ralhava e criticava.Lágrimas brotavam de seus olhos cansados,mas,ele não dizia nada.Tantas vezes isso aconteceu que a nora deu um ultimato ao marido:ou ele ou eu.Não vou passar trabalho de novo por causa de um velho inútil.O marido tentou acomodar as coisas e combinaram que o avô comeria só,num canto da cozinha,numa gamela de madeira,para não quebrar.O garoto observava tudo com muita atenção.

No dia seguinte,um domingo,o pai ficou intrigado ao ver o filho tentar moldar um pedaço de madeira com o formão e outras ferramentas.Observou-o por um curto tempo,foi perto dele e perguntou:-oi, filhão?que estás fazendo?para que queres essas ferramentas?

-Para fazer logo uma gamela para o senhor,papai;assim,quando o senhor ficar como o vovô,já terá a sua.Sua mulher foi chegando,entreolharam-se,baixaram a cabeça e a mulher foi pôr a mesa do almoço com um prato para o velho.

Há um ditado português que diz: Filho és,pai serás,conforme tratares,assim receberás.

Dedico essa estória a um querido amigo, pai admirável e um homem de bem.

IMG:Busca Google

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

SONETOS ROMÂNTICOS: ÁLVARES DE AZEVEDO



Pálida, à luz da lâmpada sombria,


Sobre o leito de flores reclinada,

Como a lua por noite embalsamada,

Entre as nuvens do amor ela dormia!



Era a virgem do mar! na escuma fria

Pela maré das águas embalada!

Era um anjo entre nuvens d'alvorada

Que em sonhos se banhava e se esquecia!



Era mais bela! o seio palpitando...

Negros olhos as pálpebras abrindo...

Formas nuas no leito resvalando...



Não te rias de mim, meu anjo lindo!

Por ti - as noites eu velei chorando,

Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!



Álvares de Azevedo
 
 
Álvares de Azevedo




Nascido a 12 de setembro de 1831 em São Paulo, onde seu pai estudava, transferiu-se cedo para o Rio de Janeiro. Sensível e adoentado, estuda, sempre com brilho, nos colégios Stoll e Dom Pedro II, onde é aluno de Gonçalves de Magalhães, introdutor do Romantismo no Brasil. Aos 16 anos, ávido leitor de poesia, muda-se para São Paulo para cursar a Falculdade de Direito. Torna-se amigo íntimo de Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães, também poetas e célebres boêmios, prováveis membros da Sociedade Epicuréia. Sua participação nessa sociedade secreta, que promovia orgias famosas, tanto pela devassidão escandalosa quanto por seus aspectos mórbidos e satânicos, é negada por biógrafos mais respeitáveis. Mas a lenda em muito contribuiu para que se difundisse a sua imagem de "Byron Brasileiro". Sofrendo de tuberculose, conclui o quarto ano de seu curso de Direito e  passa férias no Rio de Janeiro. No entanto, ao passear a cavalo pelas ruas do Rio, sofre uma queda, que traz à tona um tumor na fossa ilíaca. Sofrendo dores terríveis, é operado - sem anestesia, atestam seus familiares - e, após 46 dias de padecimento, vem a falecer no Domingo de Páscoa, 25 de abril de 1852.


Transcrito do site Sonetos.com.br
Contribuição de: Douglas Pereira




quarta-feira, 25 de agosto de 2010

FESTA DE FORMATURA





Ela ainda persiste,mas,não tem o brilho de antigamente,quando era uma solenidade cheia de preceitos,perfis e precedidas de discussões sobre gastos e festas.

Era sempre em Dezembro.Agora,se espalha por todos os meses do ano,ganha simplicidade e a platéia até pode se manifestar em urros,gritos , guinchos , assobios e palmas,não apenas para homenagear,mas,até para parar discursos chatos e prolongados,coisa impensável nos anos 50.Infelizmente a boa educação não está mais na moda,o que é uma pena.Você pode estar usando Chanel ou um terno Armani,se for homem,porém,se não obedecer as regras básicas de cortesia,socialmente você está morto.As afetações e maneirismos podem ser dispensadas,a polidez ,não.

Ainda se usa beca e capelo,mas, o anel,tão simbólico,está em desuso,talvez pelo alto preço das jóias.Corri todas as joalherias de shoppings ;a maioria não tinha pronta entrega –sugeriram encomendar – e as que tinham os preços eram proibitivos até para bolsos confortáveis .

Aqui na Bahia, cidade informal por excelência, os trajes para assistir uma formatura não são muito levados a sério.Acontece o mesmo com casamentos,soirées ou óperas.Vê-se de tudo: homens corretamente vestidos de terno e outros de jeans descontraídos;mulheres com longuinhos e brilho e outras com a mesma roupa que iriam ao mercado.

Os detestáveis vestidos alugados estão presentes com sua cafonice – os mesmos modelos “made in Korea – e um nivelamento para baixo das usuárias.Um olhar arguto nota logo que aquele traje não era para aquela mulher,ou seja,como se diz por aqui: o finado era maior.

Mulheres sensatas não deixariam faltar nos seus guarda – roupas um pretinho básico,”clean”,despojado,acompanhando o corpo sem marcá-lo,aquele traje coringa que nos deixa bem na foto,seja em festas ou enterros.Basta trocar os complementos.Écharpes,xales, casaquinhos,boleros,(voltaram com força total),belos colares,uma flor bem colocada,manteaus de seda ou cetim –cada dia um vestido novo! –

Pode-se ir a sete festas na semana que ninguém notará que é o mesmo.Troque os acessórios,bolsas,sapatos, meias longas e rendadas,cintos ,o céu é o limite,a mulher estará bem vestida,sempre.Lembrando sempre que a melhor roupa do mundo é aquela que combina com a gente,que nos faz sentir-se bem.E que festa é celebração,alegria ,não foi feita para descapitalizar ninguém ou deixar convidados arrancando os cabelos.

Festa é a ocasião ideal para sair da rotina,cometer ousadias,usar fendas,decotes,brincos enormes,colares chamativos.

Maquiagem e cabelos devem merecer atenção especial,mas,é bom evitar exageros.

Como dizia Salomão a virtude está nos meios.Exageros são sempre risíveis e põem as pessoas na berlinda.Ninguém quer isso para si,não é?

Tomando certos cuidados tudo dará certo.



segunda-feira, 23 de agosto de 2010

TODOS OS NOMES: WALTER,WAGNER, WALDEMAR, WALDIR, WALDO,ETC...


ORIGEM DOS NOMES


Há um ponto confluente na origem dos nomes que começam com a letra W.

Quase todos significam guerreiros,lutas,carros de guerra,cidadelas.Wagner,por exemplo,vem do alemão Wagen,que significa carro,podendo ser carro de passeio ou carro de guerra.Também pode significar fabricante de carro”.

Como temos na Bahia um governante chamado Wagner,pode ser que agora os carros do metrô possam circular já que Wagen também pode significar vagão.Oxalá os nomes,como as cartas,não mintam.

Já Waldemar, (do alemão walde-mar) ,que vocês conhecem como pedreiro,significa “o que governa com brilhantismo,” governo célebre,ou governador poderoso.

A fórmula mais usada é a portuguesa,Valdemar,com V que depois derivou para Osvaldo ou Romualdo.

Do germânico Wald nos veio Waldir,o sujeito que,segundo o nome,dirige,governa,comanda.Conheci uma mulher chamada Valdir com V; alta,forte,parecia um sargento dos granadeiros.

Tenho um primo chamado Waldo que,certamente,não sabe que seu nome vem do alemão Wald,que é uma forma de Ald,velho e,por extensão governante,governador.Mas,o nosso Valdo só chegou mesmo a vereador de aldeia;talvez por seu nome ser escrito com V,sem o imponente W alemão.

Não nos esqueçamos do Walter ,também de origem germânica,Walthair,aquele que governa,que comanda o exército,o general,guerreiro poderoso.

A fórmula inversa desse nome dá origem a Haroldo com ou sem H.

E o que dizer de William,que vem do alemão Will-helm,”elmo voluntarioso” ou popularmente “protetor decidido”.É o nome de vários príncipes europeus,inclusive de Guilherme ,o Conquistador,o normando que conquistou a Inglaterra.

Em português virou Guilherme.

Wolfgang também tem origem alemã,composto de Wulf,lobo,guerreiro,Fil,pleno,total e Ingas,nome de um povo,os anglos,de quem os ingleses descendem.

A sabedoria popular traduziu tudo isto em Wulf-gang,ou seja,aquele que vai para o combate, como um lobo.

Tudo bem,e as mulheres?

Pois temos Wanda,originária do germânico Warid,raiz que designa os povos bárbaros como os vândalos;parece significar bandeira,insígnia.

Há controvérsias:alguns dizem que sua origem vem de outra palavra alemã,Wandern,que significa perigrinar,viajar a pé.

Vanda seria a protetora dos peregrinos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

PARA MINHA FILHA CONSUELO,NO DIA DA SUA FORMATURA




Auriceleste manhã com as estrelas fugindo

para dar lugar ao sol que hoje brilha mais forte.

Mil flores coloridas nascem nos campos

mil rosas de alegria desabrocham nos nossos corações

para celebrar esta vitória!

Libélulas voam apressadas para levar a notícia:

aquela menina tímida e medrosa

(tinha medo de ETS e do fim do mundo)

não teve medo de encarar a vida e seus dilemas.

Enfrentou o mundo!

Pessoas assomam as ruas para festejar

cheias de enfeites e pulseirinhas

xales coloridos protegendo os ombros...

Pequena menina,valorosa mulher,

a festa é sua

e de todos nós que te amamos.

e vivenciamos sua luta.

Pensam que é fácil ser mãe e estudante? Ser esposa,empresária,filha,cidadã,

trabalhar do sol nado ao sol posto,matar um leão por dia

sem perder a fé e o amor?

Mas, a vitória é doce

e lhe pertence.

Alegria de pássaros cantando,flores desabrochando,águas cantantes,árvores sussurrando

é tudo seu,

Bem merecido!

Bela moça morena,com um cravo vermelho na mão e olhos cintilantes.

envergue sua beca,exponha seu anel,penteie seus cabelos,ponha cor no seu rosto,

beije seus filhos,ame seu marido

e saia para a Vida!

A Vitória é sua!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A CORTESÃ E AS BEATAS



Aquela era uma cidade tranqüila até Manon Lescaut chegar ..Dizem que veio corrida do Rio de Janeiro,onde atuava ,com sucesso,na antiga “pensão”da Arlete Lìngua de Prata,famosa cafetina da Capital.Uma senhora escandalizada com os gastos do seu marido havia corrido com ela de lá.O certo é que quando chegou a essa próspera e pacata cidade,revolucionou a moral e os bons costumes,mexendo com as cabeças,algumas bem grisalhas,dos homens ricos da cidade.Estabeleceu-se numa rua de canto com Josina,sua criada particular e alcoviteira renomada,numa grande casa com varanda e jardim,para onde,levados pela música e pela expectativa de prazeres celestiais,acorriam os homens sérios da cidade.Por ser um entroncamento ferroviário,os funcionários graduados da Leopoldina,inclusive alguns engenheiros endinheirados,faziam de lá sua segunda casa.O nome Manon Lescaut,ela deve a um literato do Méier,que adorava literatura francesa.Assim,passou de Ursulina das Neves,nome prosaico,ao estonteante nome da cortesã francesa.E ela mereceu;era linda e sábia.Sua casa era discreta.A comida ótima e o whisky,honesto.

Todos pareciam felizes,exceto as esposas,baratas de sacristia,quase todas,para quem o sexo para a procriação,era um dever penoso demais,uma provação que Deus,não se entende porque,resolvera dar ás mulheres honestas.

A mulher do Prefeito,a do Delegado,a do Juiz,a do Diretor do Colegio,todas se reuniram para expulsar esta chaga da cidade.Ainda mais agora,quando o velho e santo Padre Mart inho se aposentara,surdo como uma porta e estava chegando um jovem padre muito versado nas Escrituras e amigo pessoal do Arcebispo.Como a cidade iria explicar ao honrado homem de Deus,a tolerância(sem trocadilhos)com tal presença na cidade.Daí a darem um ultimatum aos maridos para livrarem-se dela.

Chegou o padre,mas,não saiu a marafona para desespero das esposas.

Segunda, madrugadinha,uma figura alta e magra,bateu na porta lateral da casa da Manon.Veio abrir a criada e o moço escondido por um longo capote,apesar do calor,perguntou pela “moça”.Queria uma “audiência”.A criada disse que infelizmente não podia atende-lo:estava lá o Sr.Dotô Prefeito.-E na terça?

-Ah,”teuça”é o dia do Dotô Delegado.-Mas,tem a quarta!?

-Dia do “meretrissimo”Dotô Juiz.

-Tá danado!Mas a quinta está livre.Meio de semana...

-Qual!Vem o engenheiro...

Já aflito,o rapaz perguntou:

-E a sexta-feira,senhora?

-Vem o Professor Campos,diretor do Colegio.

Então,sobra prá mim o domingo,vá lá?

-Ôxente,então a patroínha não tem direito a descanso,sô pade!???

Gostou?
Então leia mais estórias engraçadas no "CONTOS E CAUSOS"

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O VALOR DA ALEGRIA!



Ah,se eu tivesse vivido num passado como o lembro agora!

Millôr

Para que perder tempo remoendo o passado?

Vamos cultivar a alegria e o otimismo, viver o presente sem mágoas,construindo um mundo novo dentro de nós.

O que já fizemos,passou,ficou prá trás, são experiências,más experiências,fruto da nossa inconseqüência ou desconhecimento do mundo;ou das leis que o regem.

A solução é andar prá frente, consertando velhos erros,adquirindo cada vez mais a sabedoria de viver,praticando o bem,ajudando a quem precisa.

A palavra é tão pequenina,mas,pode mudar o mundo.Ou destruí-lo.

Estenda a mão para as pessoas,tenha sempre nos lábios uma palavra de conforto,um toque de carinho no olhar ,um sorriso de compreensão e bondade e verá que esse investimento de amor,retornará para você,na forma de energias positivas que vão iluminar o seu caminho.

E você,amigo(a) conhecerá a paz!







segunda-feira, 16 de agosto de 2010

CARTA PARA MINHA AVÓ ,JOSEFA




Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo – e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira – sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.

Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.
   Saramago,menino

Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrijada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos – e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti – e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.

Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas – e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!”.

É isto que eu não entendo – mas a culpa não é tua.

José Saramago, in “Deste Mundo e do Outro

Publicada por Eira-Velha em 09:24




sexta-feira, 13 de agosto de 2010

RECEITA CONTRA URUCUBACA



Estamos em agosto

Todo cuidado é pouco!

Esta vem da Tailandia,em boa hora de crise financeira,bancos quebrando ou a quebrar,bolsas despencando,o touro de Wall Street virando boi de pasto,o desemprego esperando em cada esquina,a recessão alemã,inglesa e espanhola,as montadoras de automóvel,símbolo do capitalismo americano,á beira da falência,pé de pato,mangalô.treis veis,temos que nos cobrir.

Mas,vamos á receita:

Faça uma cestinha com folhas de bananeira e encha com flores frescas e velas.escreva todos os seus problemas num papelzinho,dobre e acomode na cestinha,entre as flores.Solte num mar ou num rio,do lado favorável á corrente e peça que a água carregue todas as suas aflições para bem longe e lhe traga paz e felicidade.

Na Bahia,já fazemos isso há tempos,em Fevereiro,na festa de Yemanjá.Nas cestinhas de vime colocamos os presentes para a Raínha do Mar:flores,espelhos,perfumes,jóias,maquiagem,tudo que poderia agradar uma moça bonita e vaidosa.se ela aceita o presente,o mar leva e a pessoa pode ficar certa que será atendida;se Yemanjá recusa,devolve o presente para a praia e,aí,é se pegar com outro santo.

Vocês acham que isto é macumba de nordestino ignorante?Então me responda porque a Marinha do Brasil joga flores no mar?

Dizer que é para homenagear os mortos me parece mentira de pescador.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

PERGUNTAS QUE BONNER DEVERIA FAZER AO CANDIDATO SERRA


O "engomadinho" do Bonner não perguntou.Nem poderia.
Mas,vocês,caros amigos,podem perguntar,analisar,assuntar...
Ou melhor,devem!

Excelentes perguntas elaboradas pela amiga Jussara Seixas:


1- Candidato Serra, o Sr se aliou ao DEM, o partido mais corrupto do Brasil, responsável pelo maior escândalo de corrupção jamais visto até agora. Perdeu seu vice, o Arruda, nesse escândalo – pela primeira vez na história democrática deste país, um governador foi para a cadeia. Se eleito, qual será o ministério destinado ao Arruda no seu governo, considerando que na Fazenda o cargo é de FHC?



2- Candidato Serra, ao invés de dialogar com os movimentos sociais, com os professores, estudantes da USP, com a polícia civil, que pacificamente queriam audiências com o governador para reivindicar melhores salários e melhores condições de trabalho, o Sr mandou a policia militar descer o cassetete nos manifestantes. Por que o Sr não gosta de dialogar? O Sr é truculento e autoritário também em casa, com sua família?



3- Candidato Serra, por que o Sr, que foi ministro duas vezes no governo FHC, tenta esconder FHC em sua campanha? FHC não seria um ótimo cabo eleitoral em sua tentativa de se eleger? Afinal, ele lhe deu dois ministério e o Sr foi governo por 8 anos junto com FHC?



4- Candidato Serra, FHC disse em entrevista na Veja, para o jornalista Augusto Nunes (tem vídeo), que o Sr é um grande entusiasta, defensor ferrenho das privatizações. Se eleito, o Sr vai privatizar a Petrobras, o BB e a Caixa? Vai vender para o capital estrangeiro a preço de banana, como fez com a Vale?



5- Candidato Serra, em sua campanha para Prefeitura de São Paulo, em 2004, prometeu que não deixaria a prefeitura de SP para concorrer à eleição para governador. Jurou, prometeu e registrou a promessa em cartório, com a maior cara de pau. Depois deixou sampa nas mãos do Kassab, do DEM, o partido mais corrupto do Brasil. Por que o Sr mentiu?



6- Candidato Serra, a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down publicou uma nota segunda-feira, 9/08, repudiando suas críticas à política do governo federal para as pessoas com deficiências no debate da Band, dia 5 de agosto. O Sr mentiu novamente?



7- Candidato Serra, um manifesto elaborado por cinco centrais sindicais o acusa de mentir ao divulgar que foi um dos responsáveis pela criação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e pela implementação do seguro-desemprego. A carta afirma que o Sr praticou "impostura e golpe contra os trabalhadores". O Sr mentiu novamente?



8- Candidato Serra, o candidato Joaquim Roriz, do DF, lhe ofereceu apoio e palanque em negociação com FHC. Agora um vídeo que o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) pagou propina pelo silêncio de um suposto laranja em seus negócios. Roriz também já teve a candidatura impugnada pelo TRE do DF pela lei da Ficha Limpa. Como fica o Sr agora quanto a sua aproximação com Roriz: vai receber e dar apoio a ele? Ou vai fingir que nem o conhece?





Postado por Glória Leite às 19:43  no Blog "Brasil,mostra a tua cara"
Transcrito como divulgação

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

FLIPEIRA DE PRIMEIRA VIAGEM


Bucólico caminho das palavras

Vim à Flip como olheira,interessada em tudo,desde os movimentos culturais que – espera-se – nasçam numa festa literária até descobrir qual é o futuro do livro,já que milito neste território e preciso estar antenada com as coisas.

Receio ter começado do fim pro princípio,pois,comecei a escrever oficialmente na Net,depois virei blogueira e meu primeiro livro solo foi um e-book,o “Maktub”.

Meus dois livros impressos chegaram quase dois anos depois de ter cerca de 500.000 leitores na Rede.

Acabei sendo muito mais conhecida na Europa,França e menos na Bahia,onde posso andar sem guarda – costas,mas,não sem guarda – chuva já que as águas de março transferiram-se para Julho e início de Agosto.

Os performáticos
Interessadíssima,como escrevi,no futuro do livro,minha primeira Tenda foi a de Mr. Darnton,o simpático diretor da Biblioteca de Harvard,ao qual já tinha enviado o “Bahia de Outrora”, para que fizesse parte do acervo desta biblioteca.Tive o prazer de cumprimentá-lo pessoalmente e receber efusivos beija-mãos ,devidos à simplicidade e cordialidade de tão importante historiador.

Pois é , Peter Burke (professor emérito da Universidade de Cambridge) e Robert Darnton vieram justamente discutir o futuro do livro,a presença e importância do Google e os futuros livros digitais,mediados pela competentíssima Lilia Schwartz. Prato cheio para mim que vivo dando tratos à bola pensando em e-books,readers e kindles.Darnton comentou a importância de diferentes tipos de livros se fortalecerem uns aos outros,pois há espaço para todos.

Sai tranqüilizada.Se os digitais vierem um dia a aposentar os livros impressos não será por agora.Assim como a TV não aposentou o rádio,nem o cinema,ainda haverá espaço,sim,para os livros tal qual o conhecemos.

Feito em papel comum,couché ou pólen,a novidade da Suzano,quem leria “Guerra e Paz” num kindle?pergunta Burke.Ninguém,eu acho! Burke elogia as enciclopédias virtuais como a Wikipédia,porém,chamando atenção para a “falta de fontes” confiáveis.

Os livros digitais são mais abrangentes e se tornam mais interessantes devido aos aplicativos,áudio ,imagens que prendem melhor a atenção do leitor.



Tendas e telões
Num vídeo exibido na Casa da Cultura,achei muito interessante um homem tentando ensinar a outro como utilizar um livro de papel.

-“Passe as páginas aqui pela pontinha”,dizia.”Quando quiser é só fechar o livro e pronto;seus dados ficarão todos armazenados.

Ele ouvia as explicações tão atordoado e abobalhado como eu quando meu neto esposou a tarefa homérica de me ensinar a mexer com o PC.

As crianças,apresentadas ao IPad,não pareceram muito entusiasmadas;conheciam o tablet da Apple;mas,adolescentes se mostraram dispostas a ler um livro inteiro,neste dispositivo,sem problemas.Sinal dos tempos!

No frigir dos ovos,achei a FLIP muito importante como um todo.Apesar de não trazer inovações de estilos ou conteúdos revolucionários e acabar se parecendo com o campus da USP.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

POR CONTA DO FOLCLORE



TIVE a sorte de conviver com pessoas interessantes que tinham muito a transmitir e com quem aprendi um bocado.

Eu vivia “in google”,ou seja,de olhos arregalados para o conhecimento,bebendo as palavras,interessada em tudo entender e tudo saber.

Entre essas minhas “fontes”,estava a folclorista Hildegardes Vianna,muito amiga de minha mãe,autora de vários livros de folclore,pesquisadora do assunto,além de escrever sobre usos e costumes da Bahia antiga ,com competência e categoria.

Era uma pessoa engraçadíssima,sempre bem humorada,com um formidável jeito para a mímica ,levando-nos ás lágrimas de tanto rir.Apesar de seu talento e seus trabalhos serem reconhecidos até em Portugal,onde fez várias conferencias nas Universidades,era de uma simplicidade encantadora,a qualidade daqueles que sabem e sabem que sabem,por isso,não precisam aparecer nem hostilizar ninguém.

É dela,essa estória:

Como pesquisadora,saía por aí,aonde o Judas perdeu as botas,atrás de boas estórias perdidas por esse mundão,acompanhada por um velho gravador e uma Kodak,para registrar e gravar os fatos;se tinha um ponto de macumba recém descoberto em Cachoeira,interior da Bahia,ou uma cantiga de roda ,em Maragogipe,ou um versinho do tempo do Imperador,lá estava ela,com seu precário equipamento,tomando nota de tudo,tudo registrando,apesar de já ser uma senhora de certa idade.

Alguém na Academia de Letras,da qual era membro,disse a ela,que,no interior do Recôncavo,numa comunidade de negros descendentes de escravos,uma velha negra de 110 anos,conhecia e cantava uma canção do tempo do Imperio;era o Viru Du.A localidade nem nome tinha,perdida nos grotões,lá vivia pouca gente em casas de taipa,quase escondidas da civilização.

Quando chegou,no meio da manhã,com outro folclorista,foi logo ouvir a velha,numa impaciência só;tiraram as fotos,ligaram o gravador e esperaram.

A filha,falou,quase gritando no ouvido da velha:

-Mãe,os moço da cidade vinheram ouvi a sinhora cantá o Virudu.

A velha se acomodou melhor na cadeira e cantou:

Uviran do piranga as Marge pracida...

O famoso Virudu era o Hino nacional!

Voltaram cabisbaixos,morrendo de rir,mas,vida de pesquisador é assim,umas em cheia,outras em vão.

domingo, 1 de agosto de 2010

DIÁRIO DE BORDO CAP:XXV

                                   SAGRADA FAMÍLIA,BARCELONA 
                                                                                  DUOMO DE MILÃO


SANTUÁRIO DE FÁTIMA,PORTUGAL


MOSTEIRO DA BATALHA,PORTUGAL


Passei deslumbrada pela muralha romana cuja imponência dominava os arredores; saí a passear nas cercanias, ruas estreitas e antigas, casas velhas cheias de poesia; ”Ah, a poesia das velhas casas abandonadas...” cantava o poeta Manoel Bandeira; se eu as pudesse escutar, que estórias me contariam?Certamente falariam de saudade porque “saudade é o eco em dor de vozes que morreram. disse o poeta. De repente uma surpresa: a Radio Catalunha toca música brasileira. Jorge Benjor; A apresentadora promete para mais tarde Gil, Caetano e Milton Nascimento. È o Brasil presente; há pouco,quando estava na Catedral,passou por nós um garoto bem louro com jeito de nórdico, vestindo uma camiseta da Bahia.
No silencio da cidade medieval, jovens rapazes tocavam música sacra e canto gregoriano; um homem com traços de índio asteca tocava violão, ao mesmo tempo em que soprava pífaros; tocava Aranjuez, meu amor; eu estava a ponto de ter um orgasmo. O dia ajudava; fazia um belo sol de primavera. uma brisa fresca nos beijava o rosto, tudo emoldurado por um belo céu azul; flores nos balcões, harmonia, alegria no meu coração.


Comprei postais e recuerdos; comecei a gastar dinheiro, mas, resistir, quem há-de?Comprei reproduções de telas famosas. Saímos para as Ramblas e voltamos a ver Orlando,que nos esperava com o Carlos,um português alto, jovem e bem apessoado,de Lisboa,como Raul e Sto. Antonio. Falamos de negócios, minhas finanças andavam necessitadas o jeito foi sair da Idade Média e cair no mundo real e suas necessidades inadiáveis. O Carlos levou-me até um comerciante que tinha interesse nas minhas peças,Sérgio,grande atacadista daqui;entre outras coisas ele tem varias lojinhas comuns aqui que vendem de tudo a 100 pesetas;algum tempo depois chegariam ao Brasil como lojas de 1.99;mas,o que ele queria mesmo eram camisetas da Seleção;diz ser louco por futebol e Ayrton Sena.Comprei camisetas,imitações de Lladró,batons,presente para meus netos,uma velinha bem original para o bolo de Puppy;depois de tudo isso,como eu tenho uma sorte danada e nasci com o traseiro pra lua ainda tive a oportunidade de ver a Sagrada Família,passando tranquilamente de carro;esta obra monumental de Gaudi só vai estar terminada -dizem-na para 2014.Graças ao Carlos ,apesar da hora apertada,vi boa parte de Barcelona.O René me ofereceu um mapa de Barcelona;Como agradecer tanta gentileza?Na pressa noto que sai do navio em jejum; nem bebi o tradicional copo d’água de todas as manhãs; para aplacar a fome comprei um croissant delicioso perto da Cidade Velha. Vim comendo pela rua sob olhares divertidos dos catalões;paramos perto de uma árvore,mais precisamente um pé de tangerina carregado;um velho que estava á porta de sua loja deu um jeito de dizer que não serviam para comer;eram muito azedas;com certeza nos achou com cara de famintos.O porto fica perto do cemitério.
Os cemitérios, no Velho Mundo são um espetáculo á parte.Vale a pena uma demorada visita,ver monumentos,esculturas e conferir os nomes dos moradores;não há nada de morbidez nisto ,é um outro tipo de Arte.
Partindo de Barcelona pode-se ir ás Baleares,por ferries;também Ibiza ou Canárias.Um trem de Barsa a Madri leva 10hs. de viagem; no verão é melhor viajar á noite, mais fresco e fica o dia todo para se aproveitar. A mesma paz,a mesma sensação de levitar,o mesmo silencio dos séculos,o mesmo cheiro,a mesma atmosfera pura e sagrada eu senti no Mosteiro da Batalha,em Portugal,no Duomo de Gênova e em Fátima;é uma sensação que não da para descrever.O navio saiu ás 7hs. Carregado de containeres;,

Vamos pesados; dentro de três dias estaremos em Las Palmas. O2º finalmente partiu de férias.Fui me despedir dele na sala do Imediato,parecia muito feliz.Disse-lhe “all the Best”e ele partiu feliz como pinto no lixo.O Ray ligou para minha cabine antes do navio desatracar para se certificar que eu estava á bordo;não me viu chegar junto com o Cap.,ficou preocupado;eles são todos assim,gentis,carinhosos e cuidadosos.Reparei como estou bronzeada,tostada pelo sol de vários países;só agora quase ás desoras cai a noite no mar;desço para tomar um chocolate.Acabei tomando uma sopa;aqui eles misturam tudo,macarrão,carne,repolho,camarão,mas,ficou gostoso;o melhor tempero de comida é a fome.