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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

UM CONTO DE NATAL NORDESTINO





 UM CONTO DE NATAL NORDESTINO

Sem dizer uma palavra, o homem deixou a estrada andou alguns metros no pasto e se deteve um instante diante da cerca de arame farpado. A mulher seguiu-o sem compreender, puxando pela mão o menino de seis anos. — Que é? O homem apontou uma árvore do outro lado da cerca. Curvou-se, afastou dois fios de arame e passou. O menino preferiu passar deitado, mas uma ponta de arame o segurou pela camisa. O pai agachou-se zangado: — Porcaria... Tirou o espinho de arame da camisinha de algodão e o moleque escorregou para o outro lado. Agora era preciso passar a mulher. O homem olhou-a um momento do outro lado da cerca e procurou depois com os olhos um lugar em que houvesse um arame arrebentado ou dois fios mais afastados. — Péra aí... Andou para um lado e outro e afinal chamou a mulher.
 Ela foi devagar, o suor correndo pela cara mulata, os passos lerdos sob a enorme barriga de 8 ou 9 meses. — Vamos ver aqui... 

Com esforço ele afrouxou o arame do meio e puxou-o para cima. Com o dedo grande do pé fez descer bastante o de baixo. Ela curvou-se e fez um esforço para erguer a perna direita e passá-la para o outro lado da cerca. Mas caiu sentada num torrão de cupim!



Passando os braços para o outro lado da cerca o homem ajudou-a a levantar-se. Depois passou a mão pela testa e pelo cabelo empapado de suor.
 — Péra aí... Arranjou afinal um lugar melhor, e a mulher passou de quatro, com dificuldade. Caminharam até a árvore, a única que havia no pasto, e sentaram-se no chão, à sombra, calados.
 O sol ardia sobre o pasto maltratado e secava os lameirões da estrada torta. O calor abafava, e não havia nem um sopro de brisa para mexer uma folha.
 De tardinha seguiram caminho, e ele calculou que deviam faltar umas duas léguas e meia para a fazenda da Boa Vista quando ela disse que não aguentava mais andar. E pensou em voltar até o sítio de seu Anacleto.
 — Não...
 Ficaram parados os três, sem saber o que fazer, quando começaram a cair uns pingos grossos de chuva. O menino choramingava.
 — Eh, mulher...
 Ela não podia andar e passava a mão pela barriga enorme. Ouviram então o guincho de um carro de bois. — Oh, graças a Deus... Às 7 horas da noite, chegaram com os trapos encharcados de chuva a uma fazendinha.
 O temporal pegou-os na estrada e entre os trovões e relâmpagos a mulher dava gritos de dor.
 — Vai ser hoje, Faustino, Deus me acuda, vai ser hoje.
 O carreiro morava numa casinha de sapé, do outro lado da várzea. A casa do fazendeiro estava fechada, pois o capitão tinha ido para a cidade há dois dias.
 — Eu acho que o jeito...
 O carreiro apontou a estrebaria. A pequena família se arranjou lá de qualquer jeito junto de uma vaca e um burro. No dia seguinte de manhã o carreiro voltou. Disse que tinha ido pedir uma ajuda de noite na casa de “siá” Tomásia, mas “siá” Tomásia tinha ido à festa na Fazenda de Santo Antônio. E ele não tinha nem querosene para uma lamparina, mesmo se tivesse não sabia ajudar nada. Trazia quatro broas velhas e uma lata com café. Faustino agradeceu a boa-vontade. O menino tinha nascido.
 O carreiro deu uma espiada, mas não se via nem a cara do bichinho que estava embrulhado nuns trapos sobre um monte de capim cortado, ao lado da mãe adormecida.
 — Eu de lá ouvi os gritos. Ô Natal desgraçado!
 — Natal? Com a pergunta de Faustino a mulher acordou. — Olhe, mulher, hoje é dia de Natal. Eu nem me lembrava... Ela fez um sinal com a cabeça: sabia. Faustino de repente riu. Há muitos dias não ria, desde que tivera a questão com o Coronel Desidério que acabara mandando embora ele e mais dois colonos. Riu muito, mostrando os dentes pretos de fumo:
— Eh, mulher, então vâmo botar o nome de Jesus Cristo! A mulher não achou graça. Fez uma careta e penosamente voltou a cabeça para um lado, cerrando os olhos.
 O menino de seis anos tentava comer a broa dura e estava mexendo no embrulho de trapos:
 — Eh, pai, vem vê... —
Uai! Péra aí...
 O menino Jesus Cristo estava morto.
                                                    Rubem Braga



                           PRECE DE NATAL




                          
UM POEMA DE DRUMMOND

Desejo a vocês
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com os amigos
Viver sem inimigos
Filme na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Ouvir uma palavra amável
Ver a banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir não
Nem nunca, nem jamais
Nem adeus
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de amor
Tomar banho de cachoeira
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas com alegria
Uma tarde amena
Calçar um chinelo velho
Tocar violão para alguém
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu


                         INDICAÇÕES

Se a leitura nos trás conhecimento,se conhecimento trás tolerância,se a tolerância nos torna melhores,se por este caminho encontramos a sonhada felicidade,então  presenteie com livros no Natal.
Livro é um presente refinado,elegante e proveitoso,mas,é sobretudo,um elogio.
O que presenteia mostra ser uma pessoa culta e criativa;o presenteado  sente-se valorizado porque,o presenteante,o considera uma pessoa culta e informada.
Aproveitando o ensejo e para ajudá-lo na escolha sugiro esses livros para presentear.
Se o presenteado gosta de cinema,o livro de Araken Galvão:
                               

Se o gosto do presenteado é diversificado ,sugiro a Seleta “Traços & Compassos,vários autores:



Dois excelentes livros que falam de memórias e  resgatam o passado:” A Bahia de Outrora”,de Miriam Sales Oliveira e “A Nuvem” ,do jornalista Sebastião Nery,um passeio pela vida política brasileira a partir dos anos 50.

                                                




Poesia é a preferência do presenteado?
Sugiro “Nas Asas da Gaivota” ,da jornalista Lucymar Soares  e “Poemas de Amor e Fé",do escritor  Marivaldo  Hora.Poemas  reflexivos que elevam a alma e levantam o astral.




                                   




Aventura, ação,crimes ,  sexo e mundo virtual.Tudo isso e muito mais no livro “Redes Sensuais” ,de L. Midas.A gente ler de um fôlego só.Intrigante,sufocante,misterioso...Seus amigos vão adorar o presente!
                                   



Seu amigo adora cordel? Ele e  muita gente,pois, o livro já está em 2500 exemplares vendidos.’Tá  esperando o que? Presenteie com um diferente,irreverente,gostoso de ler e muito engraçado e de preço muito cômodo.
                                     






Dois livros  para espantar mau humor.Presenteie seu chefe,sua sogra e até sua avozinha.Textos curtos e engraçados.”Contos Apimentados” e Contos e Causos” da escritora Miriam Sales Oliveira.





                                                       


Bem, vivemos mais um ano e outro está a chegar.
Espero que possamos  ter você conosco em 2013.
Prometo fazer o meu melhor.





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