Seguidores

sábado, 19 de junho de 2010

SARAMAGO E EU




O título é dúbio .

Apesar de ter atravessado dois continentes e três países á procura de Saramago,ele nada sabe de mim e,provavelmente jamais saberá.

Apaixonei-me pelo escritor, no bom sentido,desde que li seu livro”A jangada de pedra “ e,nunca mais parei,pois tenho,lida e relida,toda a sua obra publicada.

Nas minhas andanças por Portugal, resolvi tentar conhecê-lo;os amigos diziam que ele era arredio,não gostava de assedio,no que está certíssimo,não sendo nenhum astro de rock e,sim,um autor seriíssimo e circunspecto,como a maioria dos portugueses de sua época.

Primeiro o procurei na Câmara de Lisboa-disseram-me que era vereador_ -informação não confirmada por mim. Malogro total; não consegui encontrá-lo.

Sabendo que morava em Lanzarote,pensei:-eu o apanho lá-;fui umas cinco vezes às Canárias,e,numa destas,peguei um barco da Mediterranea para Lanzarote,uma ilha vulcânica,mas,sossegada,sem o charme de Las Palmas ou Tenerife,cujo movimento dos turistas,no verão,torna impossível a perfeita estadia nessas plagas,tão agradáveis.

Chegando lá,outra decepção;o casal estava de viagem e eu só tinha um dia.Voltei com a moral baixa e o rabo entre as pernas,lembrando minha sábia avó,que dizia:quem vai sem ser convidado,volta sem ter jantado;e,assim sucedeu;jantei em Tenerife,um arroz amargo e solitário.

Perdi as esperanças de ter um livro autografado por ele, mas,o diabo as arma.Meu marido foi ,só ,à Lisboa visitar parentes e soube que Saramago estava numa tarde de autógrafos na Livraria Bertrand;ficou numa bicha quilométrica,ele que nem é chegado a essa palavra,seja no significado brasileiro ou luso.A bicha(fila)não andava,ele ,impaciente,mas,o amor faz milagres;conseguiu ,para mim,uma afável dedicatória e assinatura do escritor dos meus sonhos.

O livro é o “ Ensaio sobre a cegueira ”,era o verão de 2000,em Lisboa e a dedicatória vinha com um beijo; apreciei a com a afabilidade e simpatia do autor com essa sua fã desconhecida.Não o conheci pessoalmente,mas,tenho aqui comigo seu jamegão e,como sou uma garota bem comportada,fiquei feliz com o que mereci

Estou contente,li o livro e,como o elefante Salomão,já tive a minha ração e estou satisfeita com ela.Como reza a frase do “Livro dos Itinerários”:Sempre chegamos ao sitio aonde nos esperam.Quem sabe,um dia...

Resolvi re-editar essa crônica,hoje,um dia após Saramago ter partido para as estrelas,deixando-nos todos mais pobres.

Saramago não temia a morte e esta o procurar e achou ao lado da sua amada Pilar ,na sua casa de Lanzarote.

Cheia de lágrimas penso: -não foi tão ruim...

Para meu consolo tenho todos os seus livros.

Ano que vem irei à Lanzarote contemplar o seu mundo e ficarei em paz comigo mesma.

Um comentário:

  1. Ficamos deveras mais pobres, minha amiga. Mas a obra está aí para a eternidade. A pena é que poderia sair muito mais coisas boas. Contentemos, no entanto, com a riqueza que ficou. E eu gostei de seu périplo para conseguir um autógrafo! hahahha! Abraços. paz e bem.

    ResponderExcluir