fiat lux
edição de maio/2012
POLITIC@
&PUBLICID@DE
Não procure a verdade na
publicidade; ela,não só não estará no fundo do poço,como sumiu de lá; restou a
imagem,a impressão da verdade,que pode até ser uma mentira.Em suma: não é o que
você diz; mas,sim,o que o outro entende.
Ora, na política,a verdade sempre
foi posta de lado; por isso o casamento da publicidade com a política deu tão
certo;combinam como feijão e arroz.
A TV é hoje,o maior cabo eleitoral
dos políticos; lá,eles podem desfiar seu rosário de mentiras,que,a iluminação,o
ângulo,o clima criado,favorece a crença em tudo que se ouve.
Como a bailarina de Chico Buarque,na
Tv,os políticos não tem frieiras,cuecas um pouco velhas,nem tiram ouro do
nariz; estão sempre impecáveis,sorridentes,preocupados com o nosso bem-estar,pois,se
eleitos,não terão mais que se preocupar com o bem –estar deles, nem de seus
parentes,se a lei contra o nepotismo não passar ou não decolar.
Enfim,o que os publicitários querem
é vender o produto; nenhum compromisso com o bem ou o mal que tal produto leve
á sociedade; e,os políticos,hoje,são meros produtos,já vêm prontos e tabelados
para você usar; o fato de todo um povo ser usado por eles,não parece preocupar
os publicitários,nem os partidos.
Sepulte a ilusão de que os
telejornais são apartidários; os aparelhos de comunicação são concessões
governamentais, por isso,seus interesses sempre estão á frente.
Debates na Tv podem ser conduzidos
de uma forma, que favoreça o candidato mais ao gosto do grupo a que a Tv
pertence.
Neste ninho de cobras que é a política,ou
seja,o poder,não existem ingênuos. O eleitor tem que exercitar sua inteligência
para separar o joio do trigo já que a
embalagem é a mesma.
Os candidatos são meros produtos
como o sabão em pó que você usa ou seu desodorante preferido.
Experimente filtrar o que aparece
nas telinhas e procure a verdade que mais interessa: a sua.
UM TEXTO GENIAL!
MOTEL
Modorrenta demais aquela vida. Trabalhar,
casa; casa, trabalhar. De vez em quando levar a companheira para uma esticada
em um barzinho da cidade ou ao clube que ficava em frente à sua casa e só.
Resumia-se a isso a diversão daquele casal feito “Eduardo e Mônica” 1
às avessas. Ele gostava de uns papos-cabeça, ela nas aulinhas ainda para
terminar o primeiro grau na escola pública.
Um dia resolveu fazer um afago diferente.
Convidou-a para irem a um motel. E na capital. Era um acontecimento e tanto. As
duas coisas. A viagem à capital e a aventura mágica, recheada de todo o clima
romântico imaginável. Vieram no ônibus que saía às seis da manhã. Antes, gostariam
de dar uns passeios bucólicos e gastronômicos. Passear no parque municipal,
cartão de visitas obrigatório de todos que vêm do interior pela primeira vez e
comer num restaurante bacana. Peão, quando bota um décimo terceiro salário no
bolso e ainda não fez dívidas, segura que é um esbanjamento só.
Do centro pegaram um táxi rumo ao anel
rodoviário. O seu entorno possui em todas as saídas para outros estados, motéis
para todos os gostos e bolsos. Escolheu pela indicação do motorista do táxi,
que estava acostumado a esse transporte de passageiros afoitos e inexperientes
no assunto (claro que ganhava uma comissãozinha do motel onde levasse
clientes). Mas não tinha problemas. O lugar era bom mesmo. Bonito que só vendo!
Deslumbramento total. Piscina, sauna, frigobar,
hidromassagem, tv com filmes eróticos, música ambiente, cama redonda e espelho
no teto. E, no cardápio, comidinhas para antes e depois do amor. Precisava mais
em um ambiente poético moderno? Pois o meu amigo não deixava de tirar proveito
de nada. Era um gole no uísque on the rocks, uma entradinha na sauna, um pulo
na piscina. Liga a música, põe um filme, toma mais uma, pede um tira-gosto e
ela esperando ansiosa, já devidamente ornamentada de lingerie de seda,
arranjando uma posição que ficasse mais sensual diante daquela imensidão de
espelhos. De vez em quando ele se lembrava e ia lá lhe dar um selinho, ou um
beijinho na ponta do nariz. Uma cara de felicidade que mal cabia em seu rosto.
E ela, lá, agora já chamando-o insistentemente para um encontro libertino.
Desejava ardentemente encerrar aquela outra “lua de mel” com um inesquecível,
memorável, inolvidável e prazeroso sexo com seu amado. Depois de tanta
insistência e nada do amigo “comparecer”, ela apela aos seus brios:
- Como é, vai ficar aí só nessa regalia? Vem
logo, não estou me aguentando! Ele tomou mais uma tragada generosa, olhou a
tabela de preços, o tempo que ainda dispunham para permanecer sem pagar mais
uma diária e disparou:
- Olha amor, vamos aproveitar tudo isso aqui
bastante! Sexo a gente faz lá em casa, tá bom?
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1 Eduardo e Mônica são os personagens da música
(de mesmo nome) de Renato Russo.
Texto do delicioso livro de crônicas do escritor mineiro José Cláudio Adão , para o livro de crônicas ,"VIDA DE PEÃO",em breve nas livrarias.
FILOSOFIA DE VIDA
Muito bom, e apimentado!
ResponderExcluirAmiga,tudo bem?
ResponderExcluirComo está o frio por ai?
bjs