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sábado, 19 de dezembro de 2009

DIÁRIO DE BORDO,CAP.VI




Fui conhecer o resto do navio; desci para a barulhenta casa de máquinas, reino inequívoco do “chief engineer” que não gosta muito de visitas. O aspecto é de uma usina,com seus pistões gigantescos e painéis eletrônicos,mostrando tudo que se passa á bordo;fomos até as imensas câmaras frigoríficas onde são guardados os mantimentos divididos em três:carnes,legumes e bebidas. Descemos á sala de ginástica, interditada,desde que um comandante barbeiro bateu no navio em Las Palmas;há uma bicicleta ergométrica que eu gostaria de usar;

O tempo piorou; chove bastante e faz frio, Ainda devemos estar perto de terra, pois temos a companhia das gaivotas .. Resolvemos fazer uma salada de lagosta..René é democrático;sua comida é igual á de toda tripulação.
Agora estamos mesmo longe da terra; rumamos em direção a Cabo Verde e só domingo chegaremos á Tenerife e Las Palmas, Para cada canto que se olhe é só mar aberto. A temperatura na cabine é de 30 graus,mas ,na água é de 90 graus,devido a uma corrente que vem da África.

Ofereço-me para fazer a salada de lagosta; saio da cozinha com uma unha danificada, mas, espero que não o meu orgulho; Será que não carreguei demais no vinagre?E se aquela seleta alemã de legumes já estiver muito condimentada, comprometendo o sabor suave da lagosta?Cozinheira amadora,estou sempre de pé atrás com minhas obras gastronômicas.

O cair da tarde é à hora mais triste no mar. Quase nada para fazer, principalmente com chuva; o capitão recolhido na sua cabine, a tripulação descansando e eu que não trouxe nada para ler, fico no camarote olhando o nada. Já adiantamos mais uma hora e amanhã á noite mais outra.Cruzaremos o Equador em plena madrugada,5:50hs;o cap. que adora mexer comigo diz que é para eu ficar olhando bem firme e verei a linha do Equador;Dizem que mesmo com o sol a pino ou com lua não se vê sombras;Também não há pecados ao sul do Equador.

A salada de lagosta foi um sucesso; todos comeram com gosto; Estou imprimindo o “meu jeito baiano de ser, aos poucos neste navio; a comida já está mais “quente” e colorida; Abaixo a água de pé quente do cozinheiro filipino. Viva a república do chá! Não é que me sinto bem melhor e minha pele está mais fina e macia?

Não sei se ainda chove; há quase quatro horas que não vejo o mar. René diz que vai mandar encher a piscina; pergunta-me se sei nadar; eu lhe respondo: pra quê?Então não há cá navios?

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