Seguidores

sábado, 12 de dezembro de 2009

DIÁRIO DE BORDO:CAP:V










Começo a fazer planos para a chegada a Tenerife; compras, lembrancinhas, postais; seria bom ter umas coisinhas na cabina, melhorando o rango de bordo, ”munição ocidental de boca” por assim dizer: uns biscoitinhos maneiros, chocolates, um café decente em lugar do café descafeinado de bordo. Penso em telefonar para casa, as ligações feitas daqui são muito caras. Ainda não havia celulares,vejam como o mundo avançou tanto,em relativamente pouco tempo.A saudade dos meus sentou praça aqui e não me deixa;só do meu marido,presente a cada instante desta viagem,,digo para ele”não sinto saudade,companheiro,estiveste comigo a noite inteira.”

Pela manhã havia um tripulante trabalhando no parque dos containeres; com uma prancheta anotava dados; muito concentrado no que fazia , não parecia preocupado com a proximidade do mar e a falta de grades de proteção; ignorando o balanço continuava escrevendo o que estava nos mostradores dos painéis de controle e nos contadores com a tranqüilidade de quem estivesse numa sala de escritório em Santos.


Bravo! Vimos F, N. a menos de uma milha; com o binóculo pude divisar as raras casas, a igrejinha, a mata cerrada e o grande pico que parece um falo gigantesco, encimado por um farol. Revoadas de peixes voadores pulavam á nossa frente, coloridos, brilhando com os raios do sol; corriam das gaivotas, na caça e elas sempre conseguem pegar alguns. Vale a pena assistir a dança dos golfinhos, num ecossistema quase virgem. O arquipélago é o paraíso dos ecologistas, dos mergulhadores,atraídos pela visibilidade de mais de cem metros de águas claras,durante todo o ano,
São 21 ilhas, cercadas de golfinhos brincalhões, que adoram se exibir e fizer piruetas, perto dos barcos; os turistas é que estão proibidos de nadar perto deles. Os cerca de 1600 moradores da ilha não foram afetados pela civilização;não têm TV e estão livres de aturar as baboseiras das novelas
e dos programas humorísticos que fazem chorar; assim como o meio ambiente, estão livres da contaminação visual e da poluição ambiental do chamado mundo civilizado. Soube que as acomodações na ilha são precárias, sem grandes hotéis ou pousadas sofisticadas;mas,naquele paraíso,quem liga para isso?
Francis e eu fomos correndo para a proa ver a ilha mais de perto; penduramos as pernas na grade da proa e ficamos olhando tudo, deslumbradas; para chegar até lá tivemos que atravessar todo o parque de containeres e subir uma escada rudimentar, igual á dos parques de diversão infantis; Cook, o cachorrinho de estimação de Francis, mascote do navio, nos acompanhava ,curioso. Eu estava no céu; fui apresentada á “Ball” do navio,também chamado de nariz,que fica 9m sob o mar e dá equilíbrio ao barco.O mar em F.N. é tão límpido que ,mesmo chovendo,pode-se ver a pureza da água´,com uma belíssima coloração lápis-lazuli..O navio apitou saudando a ilha;que foi ficando para trás,como um paraíso perdido.
IMG:meu deslumbramento diante do Arquipélago de Fernando de Noronha
A ilha vista do mar
Eu e o Cook,nosso companheirinho de viagem.

Um comentário:

  1. Òtima narrativa.

    Acha que se toda pessoa que tiver a oportunidade deve fazer uma viagem em um navio Mercante, pois um cruzeira nada tem a ver com o espírito de vida do marítimo.

    Só um lembrete:
    bulbous bow, que é a saliência que vc se refere como ball, é simplesmente a Proa bulbosa do navio, serve para dar mais hidrodinâmica ao casco do navio, em outras palavras cortar o mar, e economizar combustível.

    Abraço
    Erik
    www.blogmercante.com

    ResponderExcluir