Algumas pessoas sofrem de
uma enfermidade crônica adquirida na infância e que nenhum procedimento médico
promete curar.
Elas se infectaram com o
germe da menos-valia, uma doença social
muito freqüente,cujo único antídoto é o auto-amor.
Desde pequenininhos
aprendemos que é errado amar a si mesmo; devemos pensar nos outros diz a sociedade ,a mamãe e a igreja.Ninguém parece
se preocupar com o fato de que quem não se gosta nem se respeita,não pode estar
apto a amar ninguém.
Para as crianças tão simples
e tão puras é natural se achar importante, querer guardar seus “tesouros” que
pode ser uma boneca de pano ou seu game favorito; ela prefere que seja só
seu,não quer dividir com ninguém,mas,é forçada a isto,para não ser chamada de
egoísta e difícil.Ensinaram-lhe a
auto-anulação,a pôr sempre os outros em primeiro lugar,para ser “boazinha”e
aceita.Mamãe impa de orgulho porque os vizinhos elogiam sua boa
educação,mas,não divide ela mesma seu vestido favorito com ninguém e seria
inconcebível papai emprestar o carro aquele seu tio mala.
Quando chegamos á
adolescência o mau serviço já está feito; viramos vaquinhas de presépio, dizemos
sim a tudo,nos tornamos inseguros,incapazes de um não,politicamente
corretos,mas,infelizes.
Passamos a não gostar de nós ,pois parecemos ostra em rochedos batidos
pelo mar e pelo vento.uma guerra soturna entre nosso querer e o querer do
“establishment.”
Quem não se aceita não pode
amar ou aceitar ninguém. Acabamos cobradores,achando que todos têm que pensar
como nós,não convivendo bem com os contrários,tirando dos outros a liberdade de
pensar e agir como lhes apraz,
Acreditando que somos
importantes não precisaremos que nossos valores sejam reforçados pelos outros
exigindo deles que sigam nossos caminhos. Queres seguir-me?Segue-te,dizia
Nietzsche (Vade Mecum,vade tecum).
Se a gente não se valoriza
nem gosta de si mesmo torna-se impossível e
desnecessário dar. Afinal, prá que serviria seu amor se você não vale
nada? E ,se não pode dar amor,também não pode receber; afinal,de que vale o
amor dedicado a alguém que não tem valor?
Toda a questão do amor se
baseia num eu que é plenamente amado. Pense nisto e fuja desta
“pegadinha”social.
Seja pastor,não ovelha.
Texto de Miriam Sales
Partilha não pode ser sinônimo de entrega, companheirismo não pode ser sinônimo de subserviência. Doar-se não pode ser sinônimo de anular-se. A questão é que o maniqueísmo que nos governa a quase todos, não pressupõe a boa medida de cada coisa, em busca de um equilíbrio. Ótimo , querida.Meu abraço. paz e bem.
ResponderExcluir