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sábado, 10 de abril de 2010

DIÁRIO DE BORDO,CAP:XV




O simpático 2º oficial


Bem,amanhã,Gênova,correndo o risco de ficar em âncora até 2º feira.Os principais portos europeus estão sempre lotados,mas,quando o navio encosta tudo flui muito rapidamente,o pessoal não tem hora para trabalhar;assim o navio fica horas onde interessa e dias no Brasil,onde não interessa.
Felizmente o First voltou ao navio, um pouco pálido, mas, bem; o antigo chief engenheiro continua á bordo não entendi bem por que. O 2º oficial, coitado tão alegre porque ia embora voltou com o rabo entre as pernas,triste,não embarcou para casa,tive pena dele.
De um postal em Barcelona: ”La única diferencia entre tu y um conmdenado á La muerte es que este tiene La fecha.”
Nas Ramblas vendem-se belíssimos posters modernos e medievais por apenas 500pt.
Desde a semana passada que o ZIM está em polvorosa; tudo é areado, limpo, pintado, brunido e escovado. O Cook levou dois dias areando a cozinha;é que parece que o dono do navio está em Gênova e vem nos visitar(ou inspecionar,chi lo sá?)
Ontem o chief se superou;fez uma comida gostosa e diferente;macarrão das Filipinas com dendê da Bahia,feijão filipino em vagens,camarão e carne;percebeu a mistura? Pensaram que era uma gororoba,não foi?e ,era mas, o certo é que ficou muito bom e eu repeti o prato.
Tomei meu solzinho rotineiro no convés, mar calmo, céu azul, ainda costeando
a Espanha. Encontrei o 2° oficial no deck sem a alegria costumeira;o brilho do olhar,de ontem,desapareceu; me contou que uma emergência lhe quitou as esperadas férias;fiquei com tanta pena dele que lhe ofereci uma revista,para distraí-lo;até me senti culpada por estar,á gosto,bronzeando-me no convés.A vida destes homens é um nunca acabar de desencantos;em navegação nada é sólido-não é sensato fazer planos- sabe-se o dia que se entra,nunca quando se sai;um vai e vem como as ondas do mar;por isso os homens são estóicos e resignados.Poucas mulheres agüentam ser viúvas de marido vivo,algumas somem com alguém mais “terrestre”;há uma angustia latente neles,a eterna incerteza;ao deixar seus países não sabem se e quando voltam;se deixam suas esposas não sabem se as encontram,se deixam seus lares sabe Deus quando voltarão.È preciso ter “culhão roxo” para ser marinheiro.

Velas brancas se afastando
Lentas e sós,mar em fora...
Comprei um livro de Isabel Allende “La Casa de los Espíritos” Começarei a ler durante a longa viagem de volta de Las Palmas para Santos. Dez dias a sol e mar.
Gosta de viajar?Então,acompanhe essa aventura!

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